Agora vamos ao nosso gênero textual!!!
Comecemos a nossa análise pelo verbo amar que aparece no primeiro quadrinho.
Neste caso ele está no Presente do Indicativo. Neste tempo todas as pessoas tem morfema zero de Sufixo Modo Temporal, que aqui chamaremos de S-MT. Neste tempo o verbo sofre uma alomorfia de Sufixo Número Pessoal que aqui chamaremos de S-NP. A forma que aparece no quadrinho no caso AMA, possui morfema zero tanto de S-MT como de S-NP.
Esta tirinha foi usada com certeza para fazer propaganda de um produto para higiene bucal. O humor está no fato de que a pobre mulher acha que vai receber uma linda declaração e na verdade acaba comparada ou até mesmo trocada por algo tão menos importante.
Talvez se trocássemos algumas falas, a história ficaria melhor e até ajudaria na nossa análise. Por exemplo: Já imaginou se trocarmos a segunda fala por: "Infelizmente sou enlouquecido por você. Infeliz de mim que não me amo e só a você quero!".
Neste caso, a moça-palito ficaria mais feliz e ainda teríamos a ocorrência de prefixos e sufixos. Na palavra INFELIZMENTE temos o prefixo in- e o sufixo -mente. E INFELIZ temos o prefixo in-.
É isso, galera!!!
Morfologicamente falando...
Uma maneira simples, prática e descontraída de se estudar Morfologia...
segunda-feira, 15 de julho de 2013
A derradeira antes da última!
Eis que chegamos a última postagem antes da última. Complexo, não? Acontece que depois dessa ainda teremos uma postagem em grupo.
Para felicidade geral da nação, esta postagem pôde ser feita em dupla. Fiz essa postagem com a Jéssica e o link do blog dela segue: http://apalavranomundo.blogspot.com.br/.
Hoje falaremos sobre Alomorfia, Morfema Zero e Processos Morfológicos.
A alomorfia trata-se basicamente da variação ou das variações de um mesmo morfema. O conjunto de morfes que representam um mesmo morfema são chamados de alomorfes. Nenhum alomorfe
pode ocorrer no mesmo contexto que outro, o que significa dizer que os alomorfes
de um morfema devem estarem distribuição complementar. Vemos, neste caso, que é possível explicar a alomorfia pelo contexto fonético, visto que usamos a distribuição complementar.
Mas nem sempre conseguiremos explicar a alomorfia neste contexto. Por isso, utilizamos a teoria de Petter que nos diz que "Quando não for possível explicar a alomorfia pelo contexto fonético, como o
caso do alomorfe do plural de palavras em inglês como ox, ox-en, em que a escolha
depende de signos lingüísticos particulares, diz-se que houve um condicionamento
morfológico, isto é, uma forma exige a outra simplesmente. Tal é o caso do particípio
passado dos verbos em italiano, cujos alomorfes -ato, -uto, oito, dependem dos
alomorfes do morfema dos três grupos do infinitivo: -are, -ere, -ire. Assim, comprare
"comprar", credere "crer", dormire "dormir" têm como formas de particípio
passado: comprato, crcduto, donnilo. As classes do infinitivo, portanto, são relevantes
para a escolha entre os alomorfes do morfema do particípio passado."
Dentro da alomorfia temos também um processo fonológico que atua na distribuição dos alomorfes. Este processo chama-se assimilação e trata-se de assimilar fonemas parecidos para ajudar na fala.
Para felicidade geral da nação, esta postagem pôde ser feita em dupla. Fiz essa postagem com a Jéssica e o link do blog dela segue: http://apalavranomundo.blogspot.com.br/.
Hoje falaremos sobre Alomorfia, Morfema Zero e Processos Morfológicos.
ALOMORFIA
A alomorfia trata-se basicamente da variação ou das variações de um mesmo morfema. O conjunto de morfes que representam um mesmo morfema são chamados de alomorfes. Nenhum alomorfe
pode ocorrer no mesmo contexto que outro, o que significa dizer que os alomorfes
de um morfema devem estarem distribuição complementar. Vemos, neste caso, que é possível explicar a alomorfia pelo contexto fonético, visto que usamos a distribuição complementar.
Mas nem sempre conseguiremos explicar a alomorfia neste contexto. Por isso, utilizamos a teoria de Petter que nos diz que "Quando não for possível explicar a alomorfia pelo contexto fonético, como o
caso do alomorfe do plural de palavras em inglês como ox, ox-en, em que a escolha
depende de signos lingüísticos particulares, diz-se que houve um condicionamento
morfológico, isto é, uma forma exige a outra simplesmente. Tal é o caso do particípio
passado dos verbos em italiano, cujos alomorfes -ato, -uto, oito, dependem dos
alomorfes do morfema dos três grupos do infinitivo: -are, -ere, -ire. Assim, comprare
"comprar", credere "crer", dormire "dormir" têm como formas de particípio
passado: comprato, crcduto, donnilo. As classes do infinitivo, portanto, são relevantes
para a escolha entre os alomorfes do morfema do particípio passado."
Dentro da alomorfia temos também um processo fonológico que atua na distribuição dos alomorfes. Este processo chama-se assimilação e trata-se de assimilar fonemas parecidos para ajudar na fala.
MORFEMA ZERO
O morfema zero trata-se da ausência de uma marca concreta, mas mesmo assim tem significado. O singular do Português, por exemplo, tem morfema zero.
Para haver morfema zero são necessárias algumas condições: 1) Devemos ter um espaço vazio, ou seja, a ausência de marca, 2) Precisamos ter a oposição de 1 ou mais segmentos, por exemplo singular e plural e 3) Inerência à classe gramatical do vocábulo examinado.
ATENÇÃO: O plural de palavras que terminam em -is e -es sofrem alomorfia e não morfema zero. O morfema zero ocorre na flexão pois acrescenta informações gramaticais.
PROCESSOS MORFOLÓGICOS
Esses processos são modos de combinação que variam de possibilidade dentro das línguas.
Temos a adição que acontece quando adicionamos um ou mais morfemas à base que pode ser uma raiz ou um radical primário. Em aprofundar, temos os seguintes morfemas aprofund-ar, onde a- e - ar, são morfemas aditivos, que se acrescentaram à raiz profundo. Aprofund- é a base de aprofundar.
Todos esses morfemas que acrescentamos à base da palavra são afixos. Chamamos a adição desses afixos de afixação. E dentro da afixação temos outros 5 processos:
- Prefixação: que trata de adicionar prefixos à base da palavra. Ex: in-feliz
- Sufixação: que trata de adicionar sufixos à base da palavra. Ex: casa > cas-eiro
- Infixação: que trata de adicionar afixos dentro da base. (Não sei se há em Português) Ex: em Kmu(Laos): / rkel) / "esticado" > / rmkel)/ "esticar" (intixo I-m-/)
- Circunfixação: que trata-se de afixos descontínuos enquadrarem-se à base. Ex: Georgiano (Cáucaso) : IU...esl"muito" - lu-Iamaz-es-i/ "muito bonito" (cf. /lamaz-i/"bonito")
- Transfixação: que trata-se de afixos descontínuos em base descontínua. Ex: em Hebraico /sagarl "ele fechou" /esgor/ "eu fecharei.
Temos também a alternância que trata da substituição de alguns segmentos da raiz por outros de forma não-arbitrária. Ex: Eu/Ele: pus/pôs; pude/pôde; fui/foi ---> u/o
E, por fim, temos a subtração que trata-se da eliminação de segmentos para expressar um outro valor gramatical. Ex: fat (feminino) e fa (masculino) - gato
CONTINUA...
sexta-feira, 31 de maio de 2013
Do que é feita a palavra? - PARTE II
Como o prometido, estou de volta, mas agora para descontrair...
Chegamos ao momento de refletir sobre toda a teoria vista hoje com a ajuda de um gênero textual!
Como já deu para perceber, se tem duas coisas que gosto é música e tirinhas da Mafalda!
Dessa vez escolhi uma que, como toda tirinha da Mafalda que se preze, tem um quê de graça e um tê de ironia!
Vejamos:
Chegamos ao momento de refletir sobre toda a teoria vista hoje com a ajuda de um gênero textual!
Como já deu para perceber, se tem duas coisas que gosto é música e tirinhas da Mafalda!
Dessa vez escolhi uma que, como toda tirinha da Mafalda que se preze, tem um quê de graça e um tê de ironia!
Vejamos:
Vamos analisar principalmente três palavras: TRABALHAR, DANADA e TINHA.
Você deve estar se perguntando o porquê de eu ter escolhido essas três palavras, né? Calma, calma que a explicação vem junto. Como em todas as outras postagens, aplicaremos aqui a teoria aprendida na postagem de hoje!
Primeiro vamos analisar o verbo TRABALHAR!
Para descobrirmos a raiz o jeito mais fácil é conjugar esse verbo em alguns tempos para percebermos qual é a parte da palavra que não se modifica. Instintivamente sei que você já pensou na partícula TRABALH-, mas é importante passar pela conjugação para ter certeza.
Temos as seguintes conjugações:
Eu trabalho Eu trabalhei Eu trabalhava
Tu trabalhas Tu trabalhaste Tu trabalhavas
Ele/Ela trabalha Ele/Ela trabalhou Ele/Ela trabalhava
Nós trabalhamos Nós trabalhamos Nós trabalhávamos
Vós trabalhais Vós trabalhastes Vós trabalháveis
Eles/Elas trabalham Eles/Elas trabalharam Eles/Elas trabalhavam
Perceba que a partícula TRABALH- realmente não muda, logo aí temos a nossa raiz. Podemos perceber também a nossa vogal temática -a que nos indica que esse verbo é de primeira conjugação e em cada uma das conjugações temos sufixos gramaticais que indicam o tempo, o modo, a pessoa e o número.
Tu trabalhas Tu trabalhaste Tu trabalhavas
Ele/Ela trabalha Ele/Ela trabalhou Ele/Ela trabalhava
Nós trabalhamos Nós trabalhamos Nós trabalhávamos
Vós trabalhais Vós trabalhastes Vós trabalháveis
Eles/Elas trabalham Eles/Elas trabalharam Eles/Elas trabalhavam
Perceba que a partícula TRABALH- realmente não muda, logo aí temos a nossa raiz. Podemos perceber também a nossa vogal temática -a que nos indica que esse verbo é de primeira conjugação e em cada uma das conjugações temos sufixos gramaticais que indicam o tempo, o modo, a pessoa e o número.
Agora vamos analisar o verbo TER (TINHA)!
Escolhi esta flexão propositalmente, isso porque neste caso encontrar a raiz não é tão fácil já que o verbo "ter" é irregular. Vamos passar pelo mesmo processo! Vejamos algumas conjugações para acharmos a parte da palavra que seja mais recorrente.
Neste caso, vemos que a partícula TIV- é mais recorrente, logo podemos dizer que ela é a nossa raiz. E a vogal temática, como é de se supor é a letra -E que nos indica que o verbo é de segunda conjugação. E como no verbo TRABALHAR temos também sufixos que indicam o modo, o tempo, o número e a pessoa.
Por fim, analisemos a palavra DANADA! (Confesso que a escolhi pelo quê de graça citado antes! Acredito que além de todos os outros termos, esta palavra carrega consigo a parte engraçada da tira!)
Agora não temos conjugações, vamos buscar um conjunto de palavras de mesmo cunho semântico para acharmos nossa raiz. Pensemos em: DANADA, DANAÇÃO e DANADICE. Neste caso, temos a partícula DANAD- como raiz já que ela não muda em todas as palavras.
É isso, galera! Espero que tenham gostado e até a próxima!
Do que é feita a palavra?
Olha eu aqui novamente para "morfologizar" com vocês!
Já falamos de muitas coisas até agora, isso é certo! Tantas coisas que nem eu me lembro direito. Vamos revisar?
Já conceituamos Morfologia, falamos de alguns de seus objetos de estudo, enfim, já vimos coisa pra de déu!
Agora vamos começar a analisar mais profundamente a palavra em si!
Para começar, vamos diferenciar RAIZ de RADICAL! Esse é o momento em que você se pergunta: "Ué! Mas não são a mesma coisa?!" É, minha gente! A coisa tá feia (ou não)! Eu também acreditei toda a minha vida que eram a mesma coisa e, no entanto, "meu mundo caiiiiiu" ao saber que são coisas diferentes. Mas calma! Não "priemos cânico", pois estou aqui para ajudá-los nesta diferenciação.
Já falamos de muitas coisas até agora, isso é certo! Tantas coisas que nem eu me lembro direito. Vamos revisar?
Já conceituamos Morfologia, falamos de alguns de seus objetos de estudo, enfim, já vimos coisa pra de déu!
Agora vamos começar a analisar mais profundamente a palavra em si!
Para começar, vamos diferenciar RAIZ de RADICAL! Esse é o momento em que você se pergunta: "Ué! Mas não são a mesma coisa?!" É, minha gente! A coisa tá feia (ou não)! Eu também acreditei toda a minha vida que eram a mesma coisa e, no entanto, "meu mundo caiiiiiu" ao saber que são coisas diferentes. Mas calma! Não "priemos cânico", pois estou aqui para ajudá-los nesta diferenciação.
RAIZ
Sinto informá-los mas não, não estamos falando da raiz da árvore! Utilizei esta imagem apenas para facilitar o entendimento, já que a raiz é a base primária e elemento irredutível da palavra com informação lexical básica. Simplificando: Assim como na árvore, na palavra a raiz é algo muito importante. É o tal "algo que não muda".
ATENÇÃO!!! - É importante saber que só descobriremos a raiz através do contexto e de uma análise minuciosa de um conjunto de palavras para sabermos qual é parte mais recorrente em todas elas e então descobrirmos qual é a raiz.
RADICAL
Não, minha gente! Não estou falando de um esporte radical ou de mudar RADICALmente, uso essa foto justamente para exemplificar como a nossa cabeça pode nos confundir. Ou vimos uma palavra e logo pensamos em milhões de significados. A minha intenção verdadeira aqui é tratar de uma coisinha que é resultado da união de uma raiz a um sufixo. Assim: mar + inh+ eiro = marinheiro.
CUIDADO!!! - Não confunda RADICAL com TEMA. Lembre-se que radical é a soma de uma raiz com um sufixo que forma uma terceira palavra, já o tema é a combinação da raiz com uma vogal temática.
CUIDADO!!! - Não confunda RADICAL com TEMA. Lembre-se que radical é a soma de uma raiz com um sufixo que forma uma terceira palavra, já o tema é a combinação da raiz com uma vogal temática.
Agora vamos ver alguns outros elementos que ajudam na composição das palavras...
AFIXOS
São morfemas adicionados à raiz da palavra. Dentro dos afixos temos os prefixos que são afixos adicionadas antes da raiz e os sufixos que são afixos adicionadas após a raiz.
Ex: INcapaz, o nexo IN- é o prefixo e lealDADE, o nexo -DADE é o sufixo.
LEMBRE-SE!!! - Os afixos podem ser tanto de natureza derivacional como gramatical. Os derivacionais são aqueles que formam novas palavras como des-, re-, in-, -mente e -dade, já os gramaticais flexionam nomes (número e gênero) ou verbos(modo, tempo, número, pessoa).
VOGAL TEMÁTICA
Utilizamos este tipo de vogal para marcar nomes ou verbo. Não é a toa que Kehdi a divide em dois tipos: Vogal temática nominal que é justamente a que marca os nomes, sendo três: -a, -e e -o e a vogal temática verbal que faz marcação de verbos. Neste caso nos ajudam a identificar se o verbo é de primeira, segunda ou terceira conjugação.
VOGAL E CONSOANTE DE LIGAÇÃO
São partículas que ligam as raízes aos sufixos. Têm um cunho muito mais fonológico, visto que são utilizadas apenas para facilitar a vida do nosso aparelho fonador na hora de pronunciar a palavra.
Ex: felicIdade e pauLada - Nestas duas palavras são acrescentadas a vogal I e a consoante L, respectivamente, justamente para ajudar na pronúncia. Seria difícil falar "FELICDADE" ou "PAUADA", não?
CURIOSIDADE!!! - Sempre achou que o -o marcava masculino no Português? Cuidado, pois barril não termina com ele e é masculino, o mesmo acontece com presidente, grampeador e com muitas outras palavras. LEMBRE-SE: O masculino não é marcado no Português!
CURIOSIDADE!!! - Sempre achou que o -o marcava masculino no Português? Cuidado, pois barril não termina com ele e é masculino, o mesmo acontece com presidente, grampeador e com muitas outras palavras. LEMBRE-SE: O masculino não é marcado no Português!
É isso aí, galera! Teoria total até agora. Aguardem pois na próxima postagem vem a descontração!
CONTINUA...
domingo, 12 de maio de 2013
Preso, livre ou dependente? - Parte II
Continuamos falando de Morfologia, mas agora com menos teoria e mais prática!
Antes de mais nada precisamos diferenciar morfema de morfe! (Não! Não são a mesma coisa!)
O morfema é a parte abstrata, sendo a menor unidade significativa e tendo a propriedade de articular-se com outras unidades de seu próprio nível. Todas essas "partículas" formam palavras!
Já o morfe é a parte concreta, sendo o seguimento mínimo dotado de significado e que representa um determinado morfema. Dizemos que é a a realização física do morfema (seja uma representação gráfica ou oral)!
O morfema é representado entre chaves: {-s} e o morfe, geralmente vem apenas com hífen: -mente, re-.
LEMBRE-SE! O morfema é a unidade mínima da Morfologia e a palavra é a unidade máxima!
Bom, agora é hora de refletirmos a cerca de uma tirinha bem bacana!
Escolhi uma tirinha da tão famosa Mafalda. Observe:
Antes de mais nada precisamos diferenciar morfema de morfe! (Não! Não são a mesma coisa!)
O morfema é a parte abstrata, sendo a menor unidade significativa e tendo a propriedade de articular-se com outras unidades de seu próprio nível. Todas essas "partículas" formam palavras!
Já o morfe é a parte concreta, sendo o seguimento mínimo dotado de significado e que representa um determinado morfema. Dizemos que é a a realização física do morfema (seja uma representação gráfica ou oral)!
O morfema é representado entre chaves: {-s} e o morfe, geralmente vem apenas com hífen: -mente, re-.
LEMBRE-SE! O morfema é a unidade mínima da Morfologia e a palavra é a unidade máxima!
Bom, agora é hora de refletirmos a cerca de uma tirinha bem bacana!
Escolhi uma tirinha da tão famosa Mafalda. Observe:
Apliquemos os conceitos que vimos hoje: As formas livres, presas e independentes!
Observemos primeiramente o contexto em que as palavras são empregadas!
Mafalda pergunta o que sua mãe está recortando do jornal e a mãe responde que está recortando uma receita. Até aí está tudo certo! Mafalda então pergunta se a receita é de coisa gostosa e quando a mãe contesta dizendo que é uma sopa de peixe, Mafalda se enfada e grita: "Abaixo a liberdade de imprensa!". Vamos nos atentar a esta parte da tirinha: Normalmente a frase "Abaixo a liberdade de imprensa" seria utilizada por qualquer pessoa que não gostaria de ter conteúdos expostos em jornais ou revistas. Neste caso, o sentido difere! Vejamos porque:
Na palavra ABAIXO temos uma forma livre, pois consiste em uma unidade que possui sentido por si só. Isso em termos gráficos, pois oralmente, se disséssemos apenas a palavra "abaixo" as pessoas poderiam pensar que estaríamos falando no sentido de "estar para baixo", como contrário de "acima". Por enquanto analisemos apenas a parte gráfica da coisa.
Depois de "abaixo" temos o artigo A que pode ser classificado como uma forma dependente, já que não é livre por não possuir sentido sozinho e nem é preso pois não está acoplado a nenhuma outra palavra.
Logo em seguida, temos a palavra LIBERDADE que nos permite analisá-la mais profundamente. Observe: Nesta palavra a partícula -dade nos remete a ideia da pessoa que tem poder para fazer ou deixar de fazer alguma coisa. Esta partícula é denominada como forma presa já que não possui sentido sozinha.
Após "liberdade" temos a preposição DE que, como vimos na outra postagem, denomina-se forma dependente. Isso porque não podemos chamá-la de presa pois não está grudada a nenhuma outra palavra e nem de livre pois não possui sentido por si só.
E, por fim, temos a palavra IMPRENSA que é uma forma livre.
Além de toda essa explicação é preciso frisar que "Abaixo a liberdade de imprensa" é empregado de forma diferente e engraçada nesta tirinha, isso porque Mafalda não gosta de sopa de peixe e reclama talvez do fato de poderem publicar esse tipo de receita.
É isso, galera! Espero que tenham gostado!
Preso, livre ou dependente?
Cá estou eu novamente para tratar de Morfologia!
Desta vez refletiremos à cerca de formas livres, presas e dependentes.
Primeiramente, temos a visão de Bloomfield que adota duas unidades. Ele classifica as palavras como formas livres e formas presas. As primeiras constituem uma sequência que pode funcionar isoladamente com uma comunicação suficiente, isto a nível frasal. Já as segundas só funcionam ligadas a outras como, por exemplo, a palavra REVER. Ela está constituída por duas partes: RE- e -VER. A primeira é classificada como forma presa pelo fato de não ter sentido por si só.
Além disso, devemos saber que a palavra pode ser constituída por uma forma livre mínima que é indivisível, como, por exemplo, as palavras leal e luz. Pode constituir-se também por duas formas livres mínimas como as palavras beija-flor e couve-flor e, por último, pode estar constituída de uma forma livre e uma ou mais formas presas como a palavra lealdade.
CUIDADO! - Lembre-se que a forma livre mínima beija-flor, por exemplo, é formada por duas formas livres mínimas, ou seja é formada por duas palavras que são indivisíveis.
Voltando ao conteúdo...
Além da visão de Bloomfield, temos também o teórico Mattoso Câmara Júnior que acrescenta também as formas dependentes que são aquelas que funcionam ligadas às livres, porém diferenciam-se por não funcionarem sozinhas como comunicação suficiente e diferenciam-se ainda das presas por permitirem novas formas entre elas e as livres, ou seja, não são formas livres nem presas, são dependentes.
ATENÇÃO! - Segundo Mattoso Câmara, são formas dependentes os artigos, as preposições, as conjunções e os pronomes oblíquos!
PARA REFLETIR:
Talvez possamos comparar as formas livres, presas e dependentes à grande novela da vida real...
Veja bem:
As formas livres seriam como pessoas que independente de seu estado civil, físico ou psicológico estão sempre de bem com a vida e prontas para representar o que for sem necessitar a presença de um outro. Já as formas presas seriam as pessoas que não largam de mão a mania de precisar de uma outra pessoa ao lado, "grudada", pois só assim suas vidas têm sentido. E, por fim, as formas dependentes seriam pessoas que são livres, mas que de alguma forma querem ter alguém ao lado para dar sentido à vida. Não são presas porque não dependem tão fortemente de outras, mas também não são livres pois não são auto-suficientes o suficiente, são apenas dependentes!
Desta vez refletiremos à cerca de formas livres, presas e dependentes.
Primeiramente, temos a visão de Bloomfield que adota duas unidades. Ele classifica as palavras como formas livres e formas presas. As primeiras constituem uma sequência que pode funcionar isoladamente com uma comunicação suficiente, isto a nível frasal. Já as segundas só funcionam ligadas a outras como, por exemplo, a palavra REVER. Ela está constituída por duas partes: RE- e -VER. A primeira é classificada como forma presa pelo fato de não ter sentido por si só.
Além disso, devemos saber que a palavra pode ser constituída por uma forma livre mínima que é indivisível, como, por exemplo, as palavras leal e luz. Pode constituir-se também por duas formas livres mínimas como as palavras beija-flor e couve-flor e, por último, pode estar constituída de uma forma livre e uma ou mais formas presas como a palavra lealdade.
CUIDADO! - Lembre-se que a forma livre mínima beija-flor, por exemplo, é formada por duas formas livres mínimas, ou seja é formada por duas palavras que são indivisíveis.
Voltando ao conteúdo...
Além da visão de Bloomfield, temos também o teórico Mattoso Câmara Júnior que acrescenta também as formas dependentes que são aquelas que funcionam ligadas às livres, porém diferenciam-se por não funcionarem sozinhas como comunicação suficiente e diferenciam-se ainda das presas por permitirem novas formas entre elas e as livres, ou seja, não são formas livres nem presas, são dependentes.
ATENÇÃO! - Segundo Mattoso Câmara, são formas dependentes os artigos, as preposições, as conjunções e os pronomes oblíquos!
PARA REFLETIR:
Talvez possamos comparar as formas livres, presas e dependentes à grande novela da vida real...
Veja bem:
As formas livres seriam como pessoas que independente de seu estado civil, físico ou psicológico estão sempre de bem com a vida e prontas para representar o que for sem necessitar a presença de um outro. Já as formas presas seriam as pessoas que não largam de mão a mania de precisar de uma outra pessoa ao lado, "grudada", pois só assim suas vidas têm sentido. E, por fim, as formas dependentes seriam pessoas que são livres, mas que de alguma forma querem ter alguém ao lado para dar sentido à vida. Não são presas porque não dependem tão fortemente de outras, mas também não são livres pois não são auto-suficientes o suficiente, são apenas dependentes!
Continua...
domingo, 28 de abril de 2013
Palavras, apenas palavras... Parte II
Cá estou eu novamente! Para falar de palavra? Sim. Mas de forma mais teórica.
No texto anterior vimos algo a cerca de palavra. Agora veremos o que nos dizem alguns teóricos...
No livro Morfemas do Português de Valter Kehdi, por exemplo, podemos perceber a exibição de vários critérios para definir a palavra. O primeiro deles, chamado de Critério Fonético, trata a palavra como uma unidade acentual marcada por um só acento tônico, mas este não é suficiente para definir palavra já que algumas unidades acentuais podem não ser palavras do ponto de vista gráfico. Por exemplo: Algumas palavras como "mármore" e "café" atendem às exigências desse critério pois são acentuados tônica e graficamente, mas uma palavra como "chinelo", não corresponde a este critério, visto que não constitui uma palavra do ponto de vista gráfico.
O segundo critério, ao qual conhecemos por Critério Semântico, também não é suficiente para definir palavra já que em alguns contextos específicos a palavra pode assumir significados diferentes. Por exemplo: A palavra "manga" pode significar a parte da blusa ou da camiseta, mas em outro pode assumir o sentido da fruta.
Por último, no terceiro critério, o Lexical ou Sintático, temos a palavra como uma estrutura que não pode sofrer separabilidade, senão perde o seu sentido. Talvez seja o critério mais aceitável. Por exemplo: Tomemos a construção guarda-chuva. Se acrescentarmos o elemento "novo" antes ou depois, não haverá problema, pois o falante continuará compreendendo. No entanto, se colocamos "novo" no meio da palavra guarda-chuva, torna-se uma construção inaceitável.
Analisada a visão de Valter Kehdi, passemos agora a pensar sobre um estudo apresentado por Margarida Petter no livro Introdução à Linguística de Fiorin.
Ela nos apresenta mais uma divisão. Agora mais além de palavra, consideramos também a língua. Esta se divide em três. Sendo isolantes, onde todas as palavras são raízes e não podem ser segmentadas em elementos menores, aglutinantes, onde a língua combina raízes e afixos para formar as palavras e, por fim, as flexionais que combinam elementos gramaticais que indicam a função das palavras.
Ufa! Quanta coisa. De fato Morfologia é uma disciplina muito densa e o tema "Palavra" nos abre um leque de possibilidades muito grande.
É chegado o momento de refletirmos um pouco sobre tudo que vimos até aqui... Abaixo segue um vídeo do escritor Ariano Suassuna em que ele critica e de certa forma até ironiza o uso das palavras em certas situações.
Não sei vocês, mas acredito que ele brincou só um pouco com a cara e criatividade de certas pessoas para certos tipos de músicas.
Eu se fosse vocês, tomaria cuidado ao usar as palavras, porque ser satirizado de tal forma por um gênio, chega a ser intrigante!
P.S.: Nada pessoal, hein?!
Ah! E cuidado ao tentar converter alguém. Palavras têm poder!
No texto anterior vimos algo a cerca de palavra. Agora veremos o que nos dizem alguns teóricos...
No livro Morfemas do Português de Valter Kehdi, por exemplo, podemos perceber a exibição de vários critérios para definir a palavra. O primeiro deles, chamado de Critério Fonético, trata a palavra como uma unidade acentual marcada por um só acento tônico, mas este não é suficiente para definir palavra já que algumas unidades acentuais podem não ser palavras do ponto de vista gráfico. Por exemplo: Algumas palavras como "mármore" e "café" atendem às exigências desse critério pois são acentuados tônica e graficamente, mas uma palavra como "chinelo", não corresponde a este critério, visto que não constitui uma palavra do ponto de vista gráfico.
O segundo critério, ao qual conhecemos por Critério Semântico, também não é suficiente para definir palavra já que em alguns contextos específicos a palavra pode assumir significados diferentes. Por exemplo: A palavra "manga" pode significar a parte da blusa ou da camiseta, mas em outro pode assumir o sentido da fruta.
Por último, no terceiro critério, o Lexical ou Sintático, temos a palavra como uma estrutura que não pode sofrer separabilidade, senão perde o seu sentido. Talvez seja o critério mais aceitável. Por exemplo: Tomemos a construção guarda-chuva. Se acrescentarmos o elemento "novo" antes ou depois, não haverá problema, pois o falante continuará compreendendo. No entanto, se colocamos "novo" no meio da palavra guarda-chuva, torna-se uma construção inaceitável.
Analisada a visão de Valter Kehdi, passemos agora a pensar sobre um estudo apresentado por Margarida Petter no livro Introdução à Linguística de Fiorin.
Ela nos apresenta mais uma divisão. Agora mais além de palavra, consideramos também a língua. Esta se divide em três. Sendo isolantes, onde todas as palavras são raízes e não podem ser segmentadas em elementos menores, aglutinantes, onde a língua combina raízes e afixos para formar as palavras e, por fim, as flexionais que combinam elementos gramaticais que indicam a função das palavras.
Ufa! Quanta coisa. De fato Morfologia é uma disciplina muito densa e o tema "Palavra" nos abre um leque de possibilidades muito grande.
É chegado o momento de refletirmos um pouco sobre tudo que vimos até aqui... Abaixo segue um vídeo do escritor Ariano Suassuna em que ele critica e de certa forma até ironiza o uso das palavras em certas situações.
Não sei vocês, mas acredito que ele brincou só um pouco com a cara e criatividade de certas pessoas para certos tipos de músicas.
Eu se fosse vocês, tomaria cuidado ao usar as palavras, porque ser satirizado de tal forma por um gênio, chega a ser intrigante!
P.S.: Nada pessoal, hein?!
Ah! E cuidado ao tentar converter alguém. Palavras têm poder!
Assinar:
Postagens (Atom)